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Postado por JOSÉ quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Como a osteoartrite pode prejudicar a Qualidade de
Vida
Dr. Milton Helfenstein Jr.1
O QUE É OSTEOARTRITE?
A osteoartrite, antes conhecida como osteoartrose ou simplesmente artrose,
corresponde a um grupo de problemas que resulta em alterações anatômicas,
com conseqüentes repercussões nas juntas (articulações), principalmente em:
 Joelhos;
 Quadris;
 Mãos;
 Coluna vertebral.
Algumas vezes, apenas uma única articulação (junta) é comprometida, mas em
outras situações, poucas ou muitas delas podem ser afetadas ao mesmo
tempo e com intensidades diferentes.
Além de provocar dores, sensações de rigidez e edema (inchaço), a
osteoartrite pode ocasionar limitações funcionais, tais como:
 Perda de movimentos;
 Deformidades;
 Incapacidade total do membro, de acordo com a articulação atingida.
É uma doença muito freqüente, tanto que, segundo a experiência médica, a
maioria das pessoas acima de 65 anos e cerca de 80% daquelas que já
passaram dos 75 anos acabam sofrendo dessa enfermidade.
1 Assistente-Doutor da Disciplina de Reumatologia da Universidade Federal de São
Paulo/Escola Paulista de Medicina UNIFESP/EPM Membro da Sociedade Brasileira de
Reumatologia Membro da Sociedade Britânica de Reumatologia.
Pode surgir sem uma causa aparente, sendo então considerada primária ou
idiopática (sem causa conhecida) ou ter um fator identificado que favoreça seu
aparecimento (fator predisponente); é a chamada osteoartrite secundária.
Diversas condições têm sido relacionadas como agentes causais de
osteoartrite secundária, particularmente as doenças metabólicas, distúrbios
anatômicos, traumas, artrites e infecções.
QUEM PODE TER OSTEOARTRITE?
Homens e mulheres que apresentam fatores de risco para o desenvolvimento
da osteoartrite são os que estão mais expostos a essa doença. Tais fatores
podem atuar por meio de dois mecanismos básicos, como mostra o quadro 1:
QUADRO 1
OSTEOARTRITE
Principais fatores de risco individuais
Suscetibilidade
(maior predisposição à doença)
Hereditariedade
Obesidade
Disfunções hormonais
Hipermobilidade
Artropatias (doenças das juntas)
Outras doenças
Fatores mecânicos Trauma
Uso repetitivo tanto no trabalho como no
lazer e no esporte
Desarranjos estruturais da própria
articulação
Hereditariedade
A herança genética é um importante componente na causa da osteoartrite,
particularmente na sua forma poliarticular, em que são afetadas várias
articulações. Ou seja, as pessoas que têm parentes com osteoartrite
generalizada apresentam maior risco de desenvolver a doença.
Obesidade
O excesso de peso corporal pode estar associado com o desenvolvimento de
osteoartrite nos joelhos em ambos os sexos. Entretanto, sua relação com a
osteoartrite de quadril ainda é discutível. De qualquer maneira, a sobrecarga de
peso acentua a dor nas articulações dos membros inferiores e da coluna
lombar.
Disfunções hormonais
A predominância de osteoartrite poliarticular no sexo feminino sugere que este
tipo de problema articular na mulher pode ser favorecido por alterações dos
hormônios. Aliás, essa doença parece ocorrer com maior freqüência após a
menopausa.
Hipermobilidade
Indivíduos com excesso de amplitude de movimentos, devido a muita
flexibilidade nas articulações, apresentam risco maior de desenvolver
osteoartrite.
Doenças das juntas (artropatias) e outras doenças
As enfermidades que causam inflamação das articulações (artropatias) podem
ocasionar osteoartrite secundária. Têm sido documentadas algumas
associações entre osteoartrite e diabete melito. Além disso, as doenças que
alteram a estrutura da articulação estão fortemente relacionadas ao
aparecimento e à progressão de osteoartrite.
Trauma
O trauma de forte intensidade é uma causa comum de osteoartrite de joelho,
principalmente quando afeta os ligamentos ou os meniscos. Quando um
menisco é retirado (meniscectomia), há risco maior de desenvolvimento de
osteoartrite. Os riscos aumentam com o avanço da idade, com a predisposição
e com a época da meniscectomia. Em alguns casos, a doença pode se instalar
em indivíduos mais jovens.
No trauma em que ocorre fratura ou luxação, pode haver alteração da função
mecânica da articulação, o que pode predispor ao aparecimento de osteoartrite.
São comuns os casos de fratura com subseqüente osteoartrite no ombro,
punho, quadril ou tornozelo.
Uso repetitivo
Determinadas tarefas no trabalho podem agravar a dor nas articulações
comprometidas. As atividades que precisam ser executadas em posição
ajoelhada, por exemplo, costumam acentuar a osteoartrite de joelhos.
Algumas práticas esportivas ou de lazer aumentam os riscos de trauma, além
de poder agravar o quadro clínico dos portadores de osteoartrite.
COMO DEVE SER O TRATAMENTO DA OSTEOARTRITE?
Há muitos tratamentos disponíveis para aliviar os sintomas dessa enfermidade,
bem como para melhorar e preservar a função articular e a qualidade de vida.
Tais tratamentos envolvem desde a simples orientação educacional para os
pacientes até o uso de medicações, fisioterapia e cirurgia, em casos extremos.
É importante que o indivíduo com osteoartrite mantenha boa saúde geral,
elimine os fatores de risco, como o excesso de peso corporal, preserve uma
boa força muscular e, acima de tudo, reconheça a sua própria responsabilidade
no controle do tratamento.
Exercícios, fisioterapia e hidroterapia
Exercer alguma atividade física diária (compatível com sua respectiva idade e
condicionamento físico) é extremamente importante. Tal conduta melhora o
sistema cardiovascular, a sensação de bem-estar e a função mental, além de
reduzir a ansiedade, a depressão ou outra forma de estresse psicológico que
possa estar presente.
Os exercícios devem ser moderados e de baixo impacto. Obviamente, as
atividades físicas devem respeitar a gravidade do envolvimento articular, além
da saúde geral da pessoa com osteoartrite.
Fisioterapia e hidroterapia também são úteis para a prevenção e o tratamento
da osteoartrite.
Calçados, acessórios e terapia ocupacional
Calçados apropriados são particularmente importantes. Palmilhas, calcanheiras
e outros recursos para o realinhamento, absorção de impacto e conforto podem
ser utilizados dentro dos calçados para facilitar o ato de caminhar. Diversos
acessórios (órteses), como as bengalas, podem contribuir para melhorar a
segurança e a estabilidade, além de reduzir a dor ao caminhar. Alguns
pacientes com quadros mais graves podem se beneficiar com o emprego
desses acessórios.
Diversos recursos disponíveis no lar e no trabalho podem ser de grande ajuda,
fazendo com que a terapia ocupacional também ganhe destaque no tratamento
da osteoartrite. O ensino de técnicas para a execução de tarefas do dia-a-dia é
útil para que o paciente possa conviver melhor com sua rotina diária.
Tratamento medicamentoso
Muitos medicamentos têm sido utilizados no tratamento da osteoartrite.
Os agentes analgésicos, incluindo os antiinflamatórios não-esteróides (AINEs),
ou seja, não-derivados de hormônios, são geralmente recomendados para:
 Casos de dores agudas e particularmente fortes;
 Como medida preventiva, antes de alguma atividade física que
provavelmente ocasionará dor de maior intensidade;
 De maneira regular, com uso freqüente para suprimir quadros dolorosos
persistentes.
É importante destacar que os AINEs representam as medicações mais usadas
no tratamento da osteoartrite, sendo principalmente utilizados para alívio da dor
e da rigidez articular.
Os antiinflamatórios mais antigos, no entanto, podem causar reações adversas
importantes no estômago e intestinos (gastrite, úlceras, perfurações,
sangramentos).
Para evitar esses efeitos indesejáveis, foi desenvolvida uma nova classe de
AINEs que mantém a capacidade de combater a dor e a inflamação da
osteoartrite sem causar efeitos indesejáveis no estômago e intestinos.
Deve-se ter especial precaução com o uso dos AINEs, particularmente em
indivíduos mais idosos com função renal ou hepática comprometida, que, em
geral, são mais sensíveis a eventuais reações adversas do medicamento
utilizado. Recomenda-se, portanto, utilizar esses medicamentos sempre sob
orientação médica.
Medicamentos de uso tópico (creme, pomada, “spray” etc.) com propriedades
analgésicas e/ou antiinflamatórias também podem ser utilizados.
A injeção local (infiltração articular, ou seja, na própria junta) também é
indicada, mas sob supervisão médica obrigatória.
Tratamento cirúrgico
Existem diversos procedimentos cirúrgicos que podem trazer benefícios em
variadas situações, de acordo com as características de cada caso e as
indicações determinadas pelo médico responsável.
Como se observa, embora a osteoartrite seja bastante comum sobretudo
em idosos (acima de 60 anos) e prejudique o bem-estar dos pacientes, há
muitos meios para prevenir e tratar seus sintomas.
PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE OSTEOARTRITE.
O que você precisa saber sobre Artrite, Osteoartrite e Reumatismo
O que é artrite?
Artrite é uma inflamação da articulação, que provoca dor, limitação de
movimento e até deformidades, podendo afetar adultos, em qualquer idade, e
crianças.
O que é artrose?
Artrose é uma doença degenerativa da articulação, sendo a forma mais comum
das doenças músculo-esqueléticas. Afeta preferencialmente as pessoas a
partir da meia idade e envolve mais freqüentemente as seguintes articulações:
coluna cervical, lombar, joelhos, quadris e os dedos das mãos. Quase 70% das
pessoas acima dos 70 anos têm evidências radiológicas desta doença e
grande parte não apresenta nenhum sintoma.
Qual a definição de osteoartrite?
Osteoartrite é a forma mais comum de artrite e a principal causa de
incapacidade nos Estados Unidos. É uma doença das articulações,
degenerativa e progressiva, na qual a cartilagem que reveste as extremidades
ósseas se deteriora, causando diferentes graus de dor, inflamação e
incapacidade.
Como se define artrite reumatóide?
É uma doença crônica, de causa desconhecida, que provoca inflamação nas
articulações (dor, rigidez, inchaço e perda da função), com tendência a ser
persistente, determinando deformidades e invalidez. Predomina em mulheres
adultas, mas ambos os sexos são acometidos, mesmo as crianças. Às vezes
atinge outros órgãos, por exemplo, olhos, coração, pulmão e sistema nervoso.
O que é reumatismo?
O reumatismo não é uma doença, mas um grupo de doenças que em algum
momento provoca dor ou incapacidade funcional nas articulações, músculos,
tendões ou ossos. Pode também causar inflamações nos tecidos conjuntivos
de outras partes do corpo (rim, pulmão, pele, etc).
Qual a causa dessas doenças?
Não existe uma causa única para as doenças reumáticas. São
aproximadamente 200 doenças com causas diferentes. Por exemplo, a artrite
infecciosa é provocada por bactérias ou fungos; a artrite reumatóide, o lúpus
eritematoso e outras doenças do tecido conjuntivo têm causas imunogenéticas;
a gota tem causa metabólica (excesso de ácido úrico); as tendinites e bursites
são provocadas por traumatismo ou movimentos de repetição. Enfim, múltiplas
causas para doenças muito diferentes.
Existe alguma forma de preveni-las?
Algumas podem ser prevenidas, como, por exemplo, uma artrose provocada
por uma deformidade congênita, a qual pode ser evitada caso essa
deformidade seja corrigida precocemente. Uma outra doença prevenível é a
osteoporose, quando as mulheres jovens são devidamente orientadas. A gota
também pode ser prevenida, tratando-se o excesso de ácido úrico no sangue,
antes que ele forme cristais e se deposite na articulação, provocando
inflamação, dor e incapacidade. Manter o peso ideal com exercícios e dietas é
uma boa maneira de prevenir doenças.
Por que são chamadas de doenças incapacitantes?
Porque um processo inflamatório que leve à dor e posteriormente a alguma
deformidade pode tornar o paciente incapaz de realizar movimentos. A própria
dor e a inflamação impedem os pacientes de se movimentarem.
Existe alguma parcela da população na qual essas doenças são mais
freqüentes? Por quê?
Determinadas doenças atingem, por exemplo, mais as crianças, como a febre
reumática. Isto porque essa doença é conseqüência de uma infecção de
garganta que atinge mais as crianças. As artrites infecciosas atingem mais as
crianças e os idosos, pela deficiência imunológica. A artrite reumatóide e o
lúpus eritematoso sistêmico atingem preferencialmente as mulheres em virtude
da participação hormonal nestas doenças. A artrose atinge geralmente pessoas
de mais idade. Curiosamente, essas doenças são normalmente mais
freqüentes e mais graves em indivíduos de classe sócio-econômicas menos
favorecidas.
Qual a incidência de osteoartrite na população mundial? E no Brasil?
Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 20 milhões de americanos são
portadores de osteoartrite. No Brasil, mais de 15 milhões de pessoas sofrem de
osteoartrite. Nos Estados Unidos, 2 milhões de americanos sofrem de artrite
reumatóide, sendo 60 % mulheres. No Brasil são 1 milhão e 500 mil.
Como é o tratamento padrão dessas doenças?
Como são doenças de causas diferentes, o tratamento é diferenciado e
complexo para cada uma delas, no entanto nas doenças onde existe
inflamação o uso de medicamentos antiinflamatórios torna-se imperativo.
É um tratamento eficaz?
Em determinados casos sim, porém muitas vezes é preciso usar
antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) durante um período longo, o que
acarreta efeitos colaterais, além de associá-los a muitos outros medicamentos,
também potencialmente tóxicos.
O que se pode dizer a respeito dos efeitos colaterais gastrointestinais
ocasionados pelo uso dos AINEs? Por que eles são tão freqüentes?
Os AINEs, devido ao seu uso disseminado, causam mais hospitalizações e
mortes do que qualquer outra classe de medicamentos disponível no mercado.
Os AINEs inibem a enzima COX-1 (cicloxigenase-1), que produz substâncias
que se acredita serem responsáveis pela manutenção das funções orgânica
importantes, como a proteção da mucosa gástrica. Com isso, podem causar
efeitos gastrointestinais graves, tais como perfurações do estômago, úlceras e
sangramentos.
Como se manifesta a artrite reumatóide?
Em algumas pessoas, a doença pode evoluir sem apresentar sintomas. Muitas
juntas com evidência radiográfica de osteoartrite podem permanecer sem
sintomatologia por longos períodos.
O aparecimento de sintomas é usualmente lento. A princípio surge dor
intermitente (que aparece e desaparece) na junta atingida, geralmente
relacionada a esforço físico.
Pode também ocorrer sensação de rigidez articular, associada a um estado de
dor de difícil localização. Alguns pacientes sofrem diminuição gradual da
amplitude de movimentos das articulações afetadas.
Um trauma pode transformar uma articulação com osteoartrite sem sintoma em
uma articulação muito dolorosa. Por exemplo, o indivíduo pode não perceber
qualquer problema em seus joelhos até que uma contusão nesse local torne a
região bastante dolorida, levando ao aparecimento inicial de sinais e sintomas
da doença – veja quadro 2.
Quadro 2
OSTEOARTRITE
Principais sinais e sintomas
Sinais Pontos dolorosos nas margens da articulação
Sensibilidade exagerada na articulação
Inchaço articular
Crepitações (atritos)
Derrame intra-articular
Movimentos restritos e dolorosos
Atrofia muscular periarticular
Enrijecimento da articulação
Instabilidade articular
Sintomas Dor relacionada a exercício físico
Dor ao repouso
Dor noturna
Rigidez após inatividade (tempo parado)
Perda de movimento
Sensação de insegurança ou de instabilidade
Limitação funcional
Incapacidade
A dor é, sem dúvida, o sintoma mais importante e comum da osteoartrite. Sua
intensidade varia muito, podendo ser bem leve ou muito intensa, com variações
semanais ou até diárias. Pode ser pior no final do dia ou no final de semana.
Em geral, a sensação de dor piora com o uso da articulação afetada, e assim
permanece por horas após a interrupção da atividade física. Enquanto a
maioria sente dores relacionadas ao exercício físico, alguns pacientes
descrevem dor ao deitar-se e outros, dor noturna. Alguns relatam sensações de
“pontadas” durante certos movimentos ou com a sustentação de peso.
A sensação de rigidez articular é referida pela maior parte dos portadores da
doença, podendo ser difícil iniciar os movimentos, dando a impressão de que a
articulação acometida está “presa”. Essa sensação, porém, vai gradativamente
desaparecendo com a movimentação. A rigidez ocorre após um período sem
movimentação e, geralmente, não dura mais que 30 minutos.
A restrição de movimentos pode ser descoberta na evolução da doença,
sendo, com freqüência, acompanhada de dor, que tende a ser pior no final da
amplitude do movimento realizado.
Muitos pacientes com osteoartrite queixam-se também de sensação de
insegurança ou de instabilidade nas articulações comprometidas. Alguns
dizem ter a impressão de que a articulação “falha” no seu desempenho.
Dependendo da gravidade da doença, pode haver diferentes graus de atrofia
muscular (diminuição do tamanho dos músculos) na região próxima à
articulação afetada.
Durante a execução de movimentos, podem ser percebidas crepitações
(estalos), devido ao atrito das superfícies articulares que encontram-se
irregulares, interferindo com os movimentos normalmente suaves.
O inchaço, muitas vezes sensível ao toque, é outro sinal freqüente de
osteoartrite. Pode variar em volume e manter-se por períodos variados de
tempo.
Nos casos mais avançados, pode haver grande destruição das estruturas
articulares, com importantes deformidades e conseqüente perda de função,
impondo ao paciente dificuldades na sua rotina como, por exemplo, perda de
habilidade para vestir-se sozinho, limitações para subir ou descer escadas ou
até para caminhar pequenas distâncias.
Fonte: Merck Sharp & Dohme

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